Diário Intelectual

Do que se trata

Pequenas gravações, em formato áudio, de reflexões inspiradas pela leitura de algum excerto de livro, ou por outras experiências intelectuais ou estéticas. As gravações são organizadas por tema, acompanhadas por escrito do devido contexto, de um resumo do argumento e de transcrição integral.

História e razão deste
Diário

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  • Forma final

  • O Diário

O Diário

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Mas eu queria dar só uma olhadinha...

Dante vs. Tomás 

Alegoria, Poesia e Academia

  • Discrepância entre Bernardo de Chartres e Tomás de Aquino: Bernardo de Chartres defende a existência de um sentido alegórico nas obras literárias, enquanto Tomás de Aquino parece negá-la nas obras poéticas.
  • Sentido alegórico nas obras literárias: Bernardo de Chartres argumenta que as obras literárias, como as Sagradas Escrituras, podem conter ambiguidades e pistas para um sentido além do aparente.
  • Exemplo de sentido alegórico explícito: O texto cita Gil Vicente como exemplo de uso explícito de nomes alegóricos em personagens, como “Todo Mundo” e “Ninguém”.
  • Sentido Espiritual (Sensus Spiritualis): São Tomás argumenta que um sentido espiritual, diferente de uma figura de linguagem alegórica, existe quando os fatos em si têm significado.
  • Origem Divina do Sentido Espiritual: Apenas Deus pode instituir um sentido espiritual verdadeiro porque controla os fatos e suas interpretações.
  • Limitação do Sentido Alegórico Humano: Nenhuma obra humana pode ter um sentido alegórico no sentido estrito de derivar significado intrínseco das coisas, pois os humanos não controlam os fatos da mesma forma que Deus.
  • Confusão de sentidos de alegoria: O Prof. Fioravanti confunde o sentido de alegoria como figura de linguagem com o sentido teológico de alegoria, conforme definido por S. Tomás.
  • Interpretação errônea de S. Tomás: O Prof. Fioravanti ignora a definição de S. Tomás de alegoria teológica, levando a uma interpretação incorreta que sugere discordância entre S. Tomás e Bernardo de Chartres.
  • Implicação errônea sobre Dante: A confusão do Prof. Fioravanti sobre alegoria leva a uma interpretação errônea do uso de Dante de alegoria em seu Convívio, sugerindo uma contradição com S. Tomás.
  • Confusão de termos: O autor confunde os conceitos de “alegoria” de Dante e “sentidos espirituais” de Santo Tomás, levando a uma interpretação errônea de suas obras.
  • Interpretação errônea: O autor incorretamente afirma que Dante contradiz Santo Tomás ao usar alegoria na literatura, sem considerar os diferentes usos dos termos.
  • Perigo da confiança cega: O texto destaca o risco de aceitar conclusões acadêmicas sem questionar, mesmo de especialistas, devido à falta de acesso aos textos originais e ao contexto completo.

  • DANTE VS. TOMÁS 

    Alegoria, Poesia e Academia 

    • Discrepância entre Bernardo de Chartres e Tomás de Aquino: Bernardo de Chartres defende a existência de um sentido alegórico nas obras literárias, enquanto Tomás de Aquino parece negá-la nas obras poéticas.
    • Sentido alegórico nas obras literárias: Bernardo de Chartres argumenta que as obras literárias, como as Sagradas Escrituras, podem conter ambiguidades e pistas para um sentido além do aparente.
    • Exemplo de sentido alegórico explícito: O texto cita Gil Vicente como exemplo de uso explícito de nomes alegóricos em personagens, como “Todo Mundo” e “Ninguém”.
    • Sentido Espiritual (Sensus Spiritualis): São Tomás argumenta que um sentido espiritual, diferente de uma figura de linguagem alegórica, existe quando os fatos em si têm significado.
    • Origem Divina do Sentido Espiritual: Apenas Deus pode instituir um sentido espiritual verdadeiro porque controla os fatos e suas interpretações.
    • Limitação do Sentido Alegórico Humano: Nenhuma obra humana pode ter um sentido alegórico no sentido estrito de derivar significado intrínseco das coisas, pois os humanos não controlam os fatos da mesma forma que Deus.
    • Confusão de sentidos de alegoria: O Prof. Fioravanti confunde o sentido de alegoria como figura de linguagem com o sentido teológico de alegoria, conforme definido por S. Tomás.
    • Interpretação errônea de S. Tomás: O Prof. Fioravanti ignora a definição de S. Tomás de alegoria teológica, levando a uma interpretação incorreta que sugere discordância entre S. Tomás e Bernardo de Chartres.
    • Implicação errônea sobre Dante: A confusão do Prof. Fioravanti sobre alegoria leva a uma interpretação errônea do uso de Dante de alegoria em seu Convívio, sugerindo uma contradição com S. Tomás.
    • Confusão de termos: O autor confunde os conceitos de “alegoria” de Dante e “sentidos espirituais” de Santo Tomás, levando a uma interpretação errônea de suas obras.
    • Interpretação errônea: O autor incorretamente afirma que Dante contradiz Santo Tomás ao usar alegoria na literatura, sem considerar os diferentes usos dos termos.
    • Perigo da confiança cega: O texto destaca o risco de aceitar conclusões acadêmicas sem questionar, mesmo de especialistas, devido à falta de acesso aos textos originais e ao contexto completo.

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    Dante vs. Tomás: Alegoria, Poesia e Academia

    O Prof. Gianfranco Fioravanti, na sua introdução ao Convívio de Dante, diz uma coisa que eu queria examinar. Ele primeiro cita um texto de Bernardo de Chartres, o famoso professor das escolas catedrais — isto é, da escola de Chartres — em que Bernardo observa que, nas Sagradas Escrituras, existe um sentido alegórico, e assim também, nas obras literárias, nós temos algumas ambiguidades no sentido lógico, e pistas que apontam para um sentido diferente daquele imediatamente aparente. O Prof. Fioravanti continua, chamando a atenção para a Quaestio 6 das questões “Quodlibetales” de S. Tomás de Aquino, que, na impressão dele, se opõe à citação do Bernardo de Chartres. Segundo ele, S. Tomás opina que a significação alegórica não existe nas obras poéticas. Então, isso é uma coisa muito impressionante, que me chamou a atenção porque é uma obviedade que algumas obras poéticas têm um sentido alegórico. Algumas vezes é bastante evidente e algumas vezes o próprio escritor chama a atenção para isso, colocando, por exemplo, nomes alegóricos nos personagens, como na famosa obra de Gil Vicente, em que há um personagem chamado Todo Mundo e um personagem chamado Ninguém. Então, isso às vezes acontece de forma bem explícita. Como é que Tomás estaria negando esta verdade evidente? 

    É interessante que, quando a gente vai observar o excerto que foi citado pelo professor, a gente encontra bem claramente uma explicação de São Tomás dizendo que o sentido alegórico — isto é, ele não fala alegórico neste trecho; ele reconhece que é chamado de alegórico por alguns autores, mas aqui ele chama de sensus spiritualis, um sentido espiritual que só existe quando as próprias coisas, os próprios fatos, possuem uma significação e, por causa disso, o único que pode instituir o “sentido espiritual” em sentido próprio (ele acrescenta o qualificativo: “propriamente”) é Deus, porque só Deus tem o controle dos fatos e das circunstâncias materiais para que ele possa fazer com que um evento simbolize outro ou simbolize alguma realidade espiritual. Então, neste sentido, nenhuma obra humana pode ter sentido “alegórico” — se você entender o sentido alegórico como estritamente o sentido que deriva das próprias coisas, e não uma figura de linguagem.
    E quando a gente observa isso, é muito esquisito que um especialista tão erudito — pois o Prof. Fioravanti é muito erudito — faça esta confusão, porque certamente ele leu muitos artigos especializados sobre esse assunto. Ele cita aqui alguns trabalhos sobre alegoria, etc., e sobre as opiniões de S. Tomás de Aquino. Ele mesmo é especialista em comentários filosóficos medievais, então estudou muito profundamente isso, e ninguém, ninguém pode negá-lo. Mas esse engano que ele está cometendo aqui é essencialmente o de confundir um sentido da palavra alegoria com outro sentido da palavra alegoria. Quer dizer, “alegoria” como figura de linguagem, que é universalmente reconhecida, e a alegoria como um fenômeno teológico, o qual o próprio S. Tomás, no trecho citado, está definindo de forma bem precisa; e o Prof. Fioravanti parece estar ignorando essa definição de São Tomás em favor de um sentido da palavra “alegoria” no qual ele está pensando, e não aquele no qual S. Tomás está pensando. Ao fazer isso, ele consegue colocar as coisas de tal forma que parece que S. Tomás e Bernardo de Chartres estão em discordância. E não apenas isso: o autor que ele está comentando aqui, que é Dante, parece estar de alguma forma contradizendo S. Tomás ao escrever o Convívio, porque ele está atribuindo um sentido “alegórico” ao convívio. É isso que o autor quer demonstrar, que Dante está indo contra S. Tomás ao escrever o Convívio, afirmando a existência de sentido alegórico numa obra literária — quando eles estão usando sentidos diferentes da palavra “alegoria”; e, na verdade, nós nem poderíamos dizer propriamente que são sentidos diferentes da palavra “alegoria”, porque S. Tomás não está usando essa palavra, ele está usando a expressão “sentidos espirituais”, então é uma confusão danada… E não se pode dizer que o autor aqui sofra de falta de estudo ou de falta de leitura acadêmica — de jeito nenhum! — e, no entanto, ele está fazendo uma confusão monumental por não conseguir distinguir dois sentidos da mesma palavra ou da mesma expressão. É interessante notar que a gente pode ler um grande acadêmico, um acadêmico profissional, e receber esse tipo de instrução confusa, e aceitá-la sem maiores elucubrações, e simplesmente engolir a conclusão dele porque a gente não tem acesso a todo o contexto dos originais que ele está citando, e a gente pressupõe que ele tenha entendido corretamente os textos que está citando, uma vez que ele não apenas estudou os textos, mas também muitas obras acadêmicas sobre os textos. Então, olha o tamanho do engano em que a gente pode ser colocada por causa disso. 

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